terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Eu lhes amo

Eu te amo, 'vocês'.
Eu te amo, 'nós'.
Eu te amo, 'eles'.
Eu te amo,'vós'.

Eu te amo, 'alguém'
e te amo além.
Aliás:"escute, Zé Ninguém"
espero que um dia tornes-te 'alguém'
para que eu possa lhe amar também.

Ah! Eu te amo 'tú' também
mas, antes de 'tudo e todos'
quem não ama o 'eu mesmo'
só consegue amar 'ninguém'.

Devaneio

Tenho vários objetos sobre a mesa
uma imensa sensação de escrever
ver minha vida diluíndo-se no doce âmago amargo da minha lucidez
que se perde nos pequenos detalhes destas linhas que deveriam ser infinitas
mas que ecoam no beco escuro que é a solidão de quem grita.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Ei mãe

Ei mãe
eu quero mergulhar
de cabeça no mundo.
Venha comigo
pois eu eu quero ir bem fundo.
Como um palhaço da arte
que para a sociedade
não passa de um vagabundo.

Ei mãe
eu quero me aproximar
da leveza das aves.
Venha comigo
até a altura das naves.
Finda a viagem
brindemos com o sol esta nova chama que arde.

Ei mãe
quero para o nosso filho
um mundo sem dores
sem desamores.
Quero para ele um querer profundo
mais do que o que há em nós
de querer mudar o mundo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Minha mãe me deu a luz, mas sou eu quem direciona o foco.

O Vinho e a Erva

Ó ébrio líquido viscoso
que faz do feio, vistoso
que faz do porre, consolo
que faz do nobre, tolo.

Ó ébrio líquido rubro
que faz do desejo, estupro
que faz do prazer, consumo
que faz da loucura, prumo.

Ó ébrio líquido sacro
que faz da fé um, asco
que faz do padre, um asno
que faz da castidade, um orgasmo.


Ó sagrada erva calmante
que faz do pequeno, gigante
que faz da hora, instante
que faz do fosco, brilhante.

Ó sagrada erva do bem
que faz do bruto, zem
que faz do talvez, também
que faz de mim, alguém.

Ó sagrada erva marginalizada
que faz da lei, piada
que faz da polícia, fachada
que faz do preconceito, cilada.

cidadão cósmico

O meu corpo é minha casa
minha mente é o que me move
quem me guia é meu instinto
meu tesouro é o que eu sinto.

Minha vida é quase nada
sou um pouco do universo
vivo, sinto, sou e quero
tudo ao mesmo tempo agora.

Não quero briga nem vitória
se chega a mentira eu vou-me embora
vou pelo caminho da verdade
como os velhos loucos de outrora.

viajando, viajando
às vezes sem sair do lugar
deixo que a vida me leve
e vou tentando me encontrar.